Sem mim não há Borboleta, sou a Lagarta.

UM ESPAÇO PARA DEIXAR-SE IR, SEM VOLTAR. A TUA BAGAGEM É O TEU CORAÇÃO.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Salva-Vidas

Sabe o que eu queria agora...?
Não sofrer tão alegremente desta insanidade que é SENTIR
Sinto, tão só e profundamente tudo ao redor
Que sou capaz de conversar mesmo, ainda que sem voz, com as nuvens que se desfazem no céu
Sinto essa dor contente do SERVIR
Sim, me sirvo e sirvo à VIDA, tal qual ela é: CHEIA DE MORTES.
Morte de alguém querido, de um nunca mais nunca compreendido, de um pra sempre jamais esquecido, de Um agora eternamente saudade...
Morte de alguém que se foi fisicamente mas continua incessantemente vivo
Morte de alguém ao lado, que vive como um fantasma, não mais do mesmo tamanho em nossos corações
O cadáver que cheira mal deixa a lembraça inocente da pré-partida
Geralmente MORRE MATANDO-NOS em algo
Por isso, a dor é contente e egoísta
Porque ela nos alimenta seja no vício gostoso de re-lembrar (ou como já dizia um poeta: re-viver )
Seja no sensorial ainda presente que nem se percebe: pele, corpo, gozo, rumores, risos, olhar que nos habita
Eu sinto muito! Muito mesmo! Trocaria de lugar contigo, facilmente, pois sei que é também amarga a falta da minha doçura...
Não há escapatória
Nem respiração boca-a-boca na areia que conceda para além de alguns minutos
O salva-vidas na beira da praia
Que nos retira do mar envolto em algas
O homem musculoso e acolhedor
O que se joga e SERVE
Amando a nado, nadando para se dar
Quer ele mesmo nos salvar?
Sim, acredito.
A que se afoga, eu, no caso, não SERVE aí, se não, de motivo
Concreto para aquele que ficava a ver navios no horizonte
Para que o salvador se jogue e se arrisque,
Ainda que lhe custe alto e tempo
Quem salva quer ser salvo!
E caída, é que instigo vôos...