Sem mim não há Borboleta, sou a Lagarta.

UM ESPAÇO PARA DEIXAR-SE IR, SEM VOLTAR. A TUA BAGAGEM É O TEU CORAÇÃO.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

tecer, tecer, teSER


Sento-me aos pés dela


Enrugados em meio veias que se trançam no tempo

Ao nosso lado, uma clareira pouco luminosa

E mantendo-se no centro

Seus dedos disciplinados tecem, tecem, tecem...

O manto quadriculado que escorrega pela cadeira de balanço

Feito um relógio, a cadeira para lá e para cá

Ao seu lado permaneço quieta e observo

Sinto o cheiro de gravetos, de madeira selvagem e de dama da noite que se insiste lá fora

Sob o luar

Em sua fronte descanso

Instintos imberbes que outrora tivera

As horas prolongadas pelo silêncio rasgam o alvorecer

Adormeço e Amanheço

Minha vida em seu tecer

quarta-feira, 12 de maio de 2010

AMARoELO

Amarela cor
amando ela corre
manda, manda, morre
desprende, acende, escorre
como gotas douradas
Amareladas, aladas no mel!



Amarelo, elos, mares, remando, óleo solar abrançando meu plexo, sexo, ondas barrosas, de pétalas-luzes sob o olhar!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Janelas e sorvete!



Sabe que... tem coisa que a gente espera, né?
Espera mesmo, nem sentadinho, não, mas de pé, na janela, vendo cada movimento, sonhando com cada segundo posterior, imaginando quem desceria naquela rua.

Agora... tem coisa, ou melhor, gente que nos pega desprevenido mesmo, né? Funciona assim: estamos prostrados à janela e um sopro sereno quase que sorrateiro nos invade ao lado.... bem ao lado??? Pois é, do ladinho, às vezes sentada na mesma área de trabalho, silenciosa moça, com seus versos e encantos pronta para compartilhar dos mesmos lamentos, impulsos e sonhos! Ou não. De onde menos se espera, um sopro quente e cativante, arredio e fulminante que desbota a imagem da janela, ela fica pálida e opaca, perto da realidade que sem mais nem menos nos acerca! Sem deixar de fora aquela parte do sorvete! é... o... o sorvete!!!

Gelado porém derretedor.... de Doce frescor, com uma degustação que exige calma quase tanta quanto a pronúncia da palavra: ssssssssssssoooooooooorrrrrrrvvvvvvvvvvvetttttiiii , sim terminando com I para deixar um leve sorriso nos lábios, de quem acabou de saciar a espera.

Assim eu me sinto. Meu sorvete favorito mistura menta e chocolate, ou crocante com morango, com tanto que haja uma mistura, algo que meu paladar não previa, apesar dos cansados olhos que mesmo fechados, alcançam a visão.

Então, e só então, a língua se aloja no céu da boca, para finalmente calar.