Sem mim não há Borboleta, sou a Lagarta.

UM ESPAÇO PARA DEIXAR-SE IR, SEM VOLTAR. A TUA BAGAGEM É O TEU CORAÇÃO.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

HAVIA EM MIM O DESEJO DE FICAR... MAS DEVIA PARTIR. O QUE VAI COMIGO É O QUE IMPORTA.


Hoje...

Me deparei com algo que só é possível depois de Bill Gates e a Microsoft: arquivos velhos. Ao invés de cds em lps, roupas antigas de avós, caixas com roupas e sapatos, abri os arquivos.. velhos, mas intocáveis, tela ainda branca, quase recente, de cores vivas e fortes, porém tão ou mais antigas que nem sei como um dia fizeram parte de mim.

Havia uma conversa, aliás, duas. Duas conversas. Dois amores por quem sofri. E olha que foi muito tempo de dor e paixão! Dois, ao mesmo tempo, na mesma época. Nenhum meu de verdade. E eu me doando inteira pra algum deles, ou seria metade para cada um?... Homens, imaturos, sensíveis porém imaturos, como disse. Eu, imatura também, visceral, desprevenida, menina, MUITO MENINA. Essa que chorava sempre diante da lua, em algum lugar...


Achei fotos de outras pessoas a quem já amei mais que minha própria terra. Amei com tanta dedicação, tanta exclusividade tais amigas que chego a pensar ter passado metade daquele ano com os pensamentos, sorrisos ou lágrimas em torno delas, dos seus porquês, dos seus pra quês, das suas presenças. Ambas me magoaram muito. Uma delas é hoje fantasma. A outra adquiriu antipatia de familiares meus a tal ponto ser o maior dos pecados, hoje, reencontrá-la. E como sinto saudade. Me pergunto o que delas faz ou fará sempre parte de mim?


Havia também fotos e imagens de peças, danças, vida, muita vida! Percebo que em meio palavras, romantismo exacerbado, caminhos extraviados, alguma espécie de Deusa das Artes e da Fortuna que não me deixava apagar... sempre com o sorriso brilhando, sempre luzente, sempre buscando, buscando, nem sempre encontrando e buscava novamente.


Meu plano era o seguinte:

Abusar da sorte

Aproveitar a juventude

Destruir inseguranças

Romper medos e mundos

Viajar, me entregar, correr, sentir o vazio e o ar preencher


Eu jamais esparava parir a esta altura

Ser mae aos 23

Afogar em meu útero a menina e parir em mim mesma a mulher

Não imaginava me sentir velha

Cansada e velha

Me sentir tão responsável por algo que não fiz sozinha e de repente tão sozinha conduzir

E a Culpa veio para piorar

como dizia poeticamente minha professora mestra querida Malu: Culpa é uma merrrrda!

Culpa de não ser e ser tudo o que quero

Culpa de gerar um ser masculino, novo, sem rosto, ainda para mim

Culpa de querer tudo o que não mais poderia

Culpa de no sexo me sentir virgem

E como virgem, nunca ter entendido Maria


Hoje...

Depois de me deparar com lembranças... chego a um momento quase clímax dessa peça

Em que eu mesma me interpreto

Ora, desejo a liberdade mas sem a maturidade nunca os ventos a me dariam

Desejo o amor, mas sem entender meu poder fértil e arrebatador, jamais o teria completo além de meu próprio umbigo

Desejo os verões em outros mundos, mas na mala me faltava a coragem, missão de alma que hoje tenho!

Desejava a vida, mas tinha vergonha de tocar nela com tudo que posso! Buscava em vão algo fora e não dentro de mim.

E um filho, um companheiro de velho espírito guerreiro é hoje a explicação pra tudo que sonhei.

Pois em um só corpo estarão concentradas minhas energias, meu amor, meus novos ensinamentos ou melhor, as pedras do caminho que farão essa nova eu encontrar de fato o único e possível lugar. Exatamente aonde eu deveria estar. Sendo, estando, sentindo. Integrando meu passado, meu presente e meu futuro. E depois desta travessia, ainda sim ser mistério. E depois da infância, maternidade e ousadia, ainda sim chegar. Porque antes da chegada é preciso partir. Antes da realização do sonho é preciso o caminho. E isso me torna tão mágica quanto estrelas de luz. A possibilidade de renascer, com parto normal.